Em busca de autonomia e fortalecimento pessoal e profissional, 28 mulheres encaminhadas por instituições da Justiça e organizações da sociedade civil concluíram, nesta quinta-feira (3/7), o curso de Camareira promovido pelo Senac em Minas, que faz parte do Sistema Fecomércio MG.
“Esse projeto foi pensado e arquitetado pela Ana Roberta, uma profissional que tem mais de 20 anos de Senac. É uma iniciativa construída com o envolvimento de diversas instituições e profissionais, e é muito grandioso quando a gente pensa em todas as pessoas envolvidas em prol do bem-estar e de uma vida muito melhor para essas mulheres", conta Bianca Vargas, diretora de Relacionamento do Senac.
A iniciativa integra o Projeto Laudelina, desenvolvido pelo Senac em Minas, em parceria com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio da Casa Lilian, e com o apoio do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), do Conselho Regional Imobiliário (Cori) e da organização Filhas de Sara. A Rede Accor de hotéis também é parceira do projeto, oferecendo suas instalações para as atividades práticas do curso e oportunidades em processos seletivos para as formandas.
Para a formanda Lilian Vianna, “o curso foi muito bom, aprendi bastante. Percebi que o trabalho exige técnica e dedicação, muito além do que eu imaginava. Estou feliz por ter concluído essa etapa e espero exercer essa profissão futuramente", afirmou. Já para Lydie Jean Pierre, que veio do Haiti e vive há 8 anos em Belo Horizonte, a experiência foi transformadora. “Esse projeto representa um futuro para nós mulheres. Às vezes, dizem que a mulher não tem lugar na sociedade, que só pode ficar em casa, mas hoje as coisas estão evoluindo, e esse projeto nos mostra que podemos ser independentes. Eles nos apoiaram em tudo, até na passagem, e nos acompanharam até o fim. Sou muito grata por isso", disse emocionada.
Durante o evento o Senac promoveu oficina de finanças pessoais e de currículo, em parceria com o Rede de Carreiras. Os presentes contaram, também, com atendimento jurídico e previdenciário, escuta psicológica, atendimento odontológico e uma brinquedoteca para atividade com as crianças presentes. Além disso todas as formandas passaram por um momento de beleza e autocuidado com manicure, penteado e maquiagem para o grande dia.
Ana Tereza Salles, promotora de justiça do MPMG e coordenadora da Casa Lílian, conta que “este é um projeto sobre resgate de dignidade, de cidadania, de potência das mulheres. Em conjunto com nossos parceiros, garantimos a essas mulheres não apenas uma formação educacional, mas também a certeza de uma oportunidade de emprego. E é muito importante quando a gente fala em mulheres em situação de violência, de mulheres vulnerabilizadas, é importante para a interrupção dos ciclos de violência", disse.

Por que o projeto se chama Laudelina?
O nome do projeto homenageia Laudelina de Campos Melo, referência histórica na luta pelos direitos das trabalhadoras domésticas no Brasil. Natural de Poços de Caldas (MG), Laudelina nasceu em 1904 e iniciou a vida profissional ainda na infância. Ao longo de sua trajetória, destacou-se como liderança política e fundadora, em 1936, da primeira associação de trabalhadores domésticos do país. Atuou ativamente em movimentos como a Frente Negra Brasileira e em ações sociais e culturais em defesa da população negra, deixando um legado marcante para o sindicalismo e o feminismo negro no Brasil